CALENDÁRIO DO ADVENTO COM CONTOS - DIA 21

A batalha de Natal, Jutta Modler (org.)

- Só mais seis dias - disse Neli.

Enquanto a filha tentava assobiar Noite Feliz, a mãe repetiu, pensativa, numa voz que não soava alegre:

- Ainda seis dias.

Após uma curta pausa, prosseguiu, suspirando:

- Se tudo já tivesse passado!

Com o assobio suspenso no ar, Neli olhou para a mãe com ar estupefacto:

- Não estás contente?

- Claro que sim, mas já estou pelos cabelos com esta agitação toda!

Como Neli não tinha aulas à tarde, foi patinar com uma amiga. Ao cair da noite, dirigiu-se ao supermercado onde a mãe trabalhava. Havia tanto movimento que o lugar mais parecia uma colmeia. A mãe estava sentada numa cadeira giratória, diante de uma das seis caixas registadoras. Os produtos chegavam-lhe num tapete rolante. Enquanto a mão direita marcava os números no teclado, a mão esquerda rodava as embalagens para que a máquina pudesse ler os códigos. Finda a operação, os produtos eram colocados, um a um, no carrinho de compras. Quando acabava de marcar tudo, a mão direita carregava na tecla do total e rasgava o talão, enquanto a esquerda afastava o carro cheio e puxava o próximo, vazio, para junto dela.

- Que bem fazes isso - dissera-lhe Neli uma vez. — Eu faria tudo devagar e, ainda por cima, metade saía mal.

- Ora - dissera a mãe a rir. - É uma questão de treino. Quando comecei, também não era assim tão despachada. Não encontrava a etiqueta com o preço e, muitas vezes, carregava nas teclas erradas. Como tinham de esperar, as pessoas resmungavam. Agora já quase consigo fazer isto automaticamente.

- Como um robô! - Neli riu-se.

E se tivesse um robô como mãe? Nunca teria dores de cabeça, nem à noite estaria tão cansada. Mas um robô não tem coração e, por isso, Neli preferia a mãe tal como era, mesmo quando, em certas noites, quase nem conseguia falar de tão cansada!

Só mais quatro dias.

Só mais três.

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