O MENINO ESPANTALHO

Texto da aluna  Luana Barbosa, 8.º G

Esta é a minha história, ou melhor, a história de como me tornei um boneco de palha.

Na altura em que era feito de pele e osso, digamos que era um pouco rebelde e tinha um pensamento idiota e preguiçoso, não muito diferente do vosso. Afinal, quem nunca deitou um papel para o chão?

Isto, até a minha irmãzinha morrer por nossa causa, sim, nossa! Além de mim, outras pessoas poluíam e faziam coisas que acabavam com o nosso planeta a cada segundo, no entanto, só eu fui castigado.

Era um dia de primavera e eu e a Yasmin, minha irmã mais nova, estávamos a dar uma caminhada na floresta. Ela sempre amou o nosso planeta e, acima de tudo, respeitava-o. Talvez, se eu tivesse o mesmo pensamento, não estaria assim. 

Tudo estava a correr lindamente, até que uma nuvem de fumaça chegou. Fui eu que a arrastei pela floresta fora. Ela era asmática e eu não a podia deixar inalar aquilo. Para piorar, não tinha a bomba comigo. Tapei-lhe o nariz e comecei a correr. Não adiantou muito, já que o fumo acabou por nos alcançar.  Não conseguia ver nada e, quando consegui ir para casa, já era tarde. 

Os médicos tentaram, mas não deu em nada. Estava morta. Pedi permissão ao meu pai e enterrei-a naquela floresta. Nesse mesmo local, nasceram belas rosas brancas. 

Os anos foram passando e reparei que o clima ficou “oito ou oitenta”. No verão eram secas, no inverno inundações. Além do mais, tudo aumentou de preço. Vi nas notícias que todas essas coisas estranhas eram por nossa causa. Se ela estivesse aqui, iria ficar furiosa! Sempre que mandava um papel para o chão ela beliscava-me. Na altura, não sabia do que era feita aquela fumaça, achava que era por causa de um incêndio ou uma coisa do tipo, mas, depois de tantos anos passados, percebi… Perdi-a para poluição atmosférica. Aquela fumaça vinha das fábricas e dos automóveis. Pensar nisso, era a causa dos meus pesadelos.

Numa noite em que fui visitar aquelas rosas, elas pareciam estar a falar comigo. Diziam coisas estranhas como:

- Salva-te, salvem-se todos, antes que seja tarde. Fuji e não volteis a esta floresta. Se a mãe Terra descobrir, o vosso corpo será transformado em palha e sereis obrigados a trabalhar no campo junto de outros animais, ficareis aqui para sempre.

Voltei para casa e tentei agir como se nada tivesse acontecido, como qualquer outro humano. Continuei a poluir, apesar do que vi nas notícias, tentei convencer-me de que o aviso que as rosas da minha irmã me deram não passava de coisas da minha cabeça. Cheguei a ver notícias sobre a vida marinha. Alguns peixes e outros animais marinhos ainda tinham no seu estômago micro plástico… Mesmo assim, continuei a comer peixe sem me preocupar.

O que eu não sabia era que o micro plástico que estava dentro dos animais poderia prejudicar-me a saúde e foi isso que aconteceu. A minha última recordação humana foi ir ao hospital fazer uma cirurgia que não correu lá muito bem. Percebi isso já que, quando acordei, estava escuro e, quando me levantei, estava sujo de terra. Ao que parecia enterraram-me nela. Em vez de pele e osso, passei a ter palha no corpo e, assim como aquelas rosas falaram, fui obrigado a trabalhar no campo. Mas até que não era assim tão mau! Tinha a companhia dos animais! Lutei algumas vezes com os corvos e outras espécies voadoras, mas faz parte.

Espero que a minha história tenha servido de algo. O planeta é a vossa casa. Não o tratem mal. Não cometam o mesmo erro que eu. Tudo que estão a fazer, terá consequências. A minha foi tornar-me um espantalho, a vossa poderá ser pior!





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