Contos do Gin-Tonic, de Mário-Henrique Leiria, revela-se como uma brilhante obra de humor surrealista. Assim, obviamente, os seus muitos contos não deverão ser levados à letra.
Ao lê-lo, após uma análise, rapidamente chegamos à conclusão do porquê de esta obra ter sido censurada pelo Estado Novo. Este regime era ditatorial, oprimindo o povo, tratando-o miseravelmente. Alguns até poderiam dizer que os governantes viam o povo como ratos. Isso mesmo. Ratos. Daí o conto "Cegarrega para crianças" representar um fim eminente da ditadura. Neste, há duas figuras presentes: a Velha (o regime velho), e o Rato (o povo). No final, o rato ataca a velha, devorando-a, simbolizando uma revolta popular. Para o Estado Novo, era impensável uma obra com esta mensagem ser publicada. Além disso, noutros contos, também encontramos várias críticas ao regime, tal como em "A Velha e as Coisas", sendo que um dirigente é nomeado, apesar de ter o menor número de votos, o que é semelhante às votações naquela época, que eram manipuladas para os mesmos governantes continuarem no poder, e em Torah, pois o autor utiliza a ideia de Moisés e dos Dez Mandamentos para criticar a forte influência que a religião tinha na sociedade, criticando também o serviço militar a que os jovens portugueses eram obrigados.
Resumidamente, Mário-Henrique Leiria revelou-se um brilhante autor humorista, passando uma mensagem tão forte que captou a atenção do seu governo, de uma maneira bastante cómica e descontraída.
Rafael Moreira, 11.º C
O Estado Novo foi um regime que liderou Portugal por inúmeros anos. Este governo foi marcado pela opressão e pela falta de liberdade de expressão, sendo os opressores políticos perseguidos e as obras que se opunham ao governo censuradas.
Este é o caso dos Contos do Gin-Tonic. Nesta obra, são feitas inúmeras apologias à liberdade e à democracia, criticando-se o governo, como no Conto “A Velha e as Coisas”, que denuncia as eleições corruptas do Estado Novo, ou o conto “A Verruga”, que demonstra como os problemas do país eram silenciados, de modo a manter a imagem de um Portugal perfeito. Também no conto “Carreirismo” se vê esta corrupção, em que um homem que é ladrão desde a nascença acaba por se tornar chefe da polícia, pois esta hipocrisia era muito comum no Estado Novo: aqueles que deveriam proteger o país, e ser honrosos e íntegros, roubavam-no e destruíam-no, apenas preocupados com o seu poder e riqueza. Podemos, também, ver o desejo do autor do fim da ditadura, por exemplo, no conto “Cegarrega para Crianças”, em que um “rato” mata a “velha”, ou seja, o povo acaba com a ditadura, ou no conto “Gulodice”, em que os “gulosos”, ou seja, os políticos gananciosos e corruptos, acabam por ser “comidos” após a revolta do “bolo”, que representa o povo.
Assim, “Contos do Gin Tonic” é uma obra em que o autor demonstra inúmeras vezes a sua oposição ao governo salazarista, e em que denuncia a corrupção e injustiça, tendo, por isso, sido censurada, de modo a silenciar a opinião do autor que poderia fragilizar o governo, prática comum na época do Estado Novo.
Elisa Lopes, 11.ºC
Contos de Gin-Tonic é uma obra que critica o Estado Novo, regime político ditador que governou Portugal na época em que os contos foram escritos, revelando a insatisfação com a falta de liberdade, a censura e a repressão política características desse período. Como as narrativas abordam os limites impostos na época, denunciando a opressão vivida durante o Estado Novo, foram censuradas devido à sensibilidade do regime em relação a qualquer manifestação contrária aos seus princípios já que o Estado Novo procurava manter um controlo rígido sobre a cultura e a informação, suprimindo qualquer forma de expressão que questionasse ou desafiasse a ideologia oficial. Logo, as críticas presentes nos Contos de Gin Tonic foram consideradas uma ameaça à estabilidade do regime e, por consequência, foram alvo de censura para preservar a imagem e o poder do Estado Novo.
Filipa Monteiro, 11.ºB
A censura era comum na época, especialmente em obras que eram consideradas subversivas, contrárias à ideologia do regime ou que abordassem temas considerados sensíveis. A obra Contos do Gin-Tonic, de Mário Henrique, foi censurado durante o Estado Novo certamente devido à sua abordagem satírica e crítica à sociedade da época que poderiam ser interpretadas como uma ameaça à ordem vigente, levando, assim, à censura, evitando questionamentos incómodos.
Rita Silva, 12.º C
Este livro desafiava as restrições impostas pela censura na época do Estado Novo. Apresentando este teor satírico e crítico em relação às diretrizes do Regime Salazarista, a obra de Mário-Henrique Leiria era um confronto direto contra a ditadura que persistia em Portugal. O autor consegue de uma forma engenhosa ironizar todo o sofrimento que os portugueses passavam durante o Regime e apresentar uma crítica social completa a aspetos como a hipocrisia social, a limitação de liberdades e a repressão. Toda esta conjuntura era vista como uma ameaça direta à imagem do Portugal Salazarista, e é então nessa medida que o livro é censurado.
Martim Costa, 11.ºB
O livro Contos de Gin-Tonic foi censurado durante o Estado Novo, porque contém uma forte crítica política, religiosa e social.
No conto "A verruga", o ministro toma a decisão de ocultar a verruga para manter a segurança da pátria. No conto "Carreirismo", um ladrão de compota acaba com o cargo de Diretor Geral das Polícias e em "Torah", é feita uma crítica à religião, onde se dá um salto entre a época de Jesus Cristo e o serviço militar obrigatório.
Todo o livro contém uma ironia fortíssima ao mote "Deus, Pátria, Família", razão pela qual foi censurado.
Miguel Pardilhó, 12.ºC
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