SER ESCRITOR É COOL - TEXTOS EM VOTAÇÃO


O segundo desafio do concurso "Ser escritor é cool", um desafio da Rede de Bibliotecas Escolares, está aí e precisa da votação popular.

Dos textos que se seguem, apenas um pode ser enviado a concurso. Assim, um júri constituído por professores vai selecionar um, e a sua opinião terá um peso de 75%. A votação popular terá um peso de 25% e deve ser feita nos comentários desta publicação. Para isso, basta abrir os comentários e escrever o número do texto preferido. Só se aceitam comentários que estejam identificados com o nome do votante.

O tema do texto é: 

Na tua biblioteca encontras livros repletos de aventuras e histórias fantásticas. Imagina que um dia, acordas e descobres que és a personagem principal de um dos livros que leste. Conta-nos o que aconteceu.

TEXTO 1

Acordo e sinto-me estranhamente bem.

Levanto-me com uma energia que não sei onde a fui arranjar, visto-me com o uniforme escolar, escovo os dentes, penteio o cabelo e desço para a cozinha.

Encontro os meus pais a tomar o pequeno-almoço juntos, na mesa, o que é muito estranho, pois, sempre que acordo, eles estão aos berros, a discutir um com o outro para decidirem quem odeia mais o outro.

Sento-me à mesa e começo a comer.

- Bom dia - digo baixo, mas com um sorriso no rosto.

O facto de eles não estarem a discutir logo de manhã é uma vitória para mim.

- Bom dia, filha! – dizem em uníssono.

 Acabo de comer e pego na minha mochila com tudo pronto para mais um dia de aulas.

- Diverte-te com os teus amigos na escola! – a minha mãe diz e o meu pai sorri.

Não sei de que amigos está ela a falar, mas sigo caminho em direção à escola. Vou a pé, a escola é muito perto da minha casa.

Depois de caminhar cinco minutos, chego ao portão da escola e sou cumprimentada pela maior parte dos alunos. Isto é muito estranho! Normalmente, os alunos desta escola só falam comigo quando me querem chamar “criança”, “inocente” ou “alma velha”. Nunca levei nada para o lado emocional, se levasse ficaria bastante devastada, recebo “elogios” desses 30 a 40 vezes por dia.

Sigo o meu caminho até à biblioteca e estranho quando cumprimento a funcionária, mas ela parece nem me reconhecer, o que é impossível já que eu vou lá sempre que tenho um tempo livre.

Entrei nos corredores à procura da minha próxima leitura. “Romeu e Julieta” um clássico nunca falha. Requisito o livro e vou para o pátio onde está o meu esconderijo, atrás dos arbustos, um pequeno banco onde costumo sentar-me a ler. É um sítio privado e aonde ninguém vai porque ninguém sabe da sua existência, além de mim. Considero aquele sítio o mais puro de toda a escola.

Sento-me e começo a ler.

Passado um tempo, a campainha toca indicando que a primeira aula vai começar. Então, guardo o livro debaixo do braço e vou em direção à sala.

Quando entro, cumprimento o professor que me cumprimenta com um sorriso amigável. Até admira, aquele professor é sempre tão mal-humorado!

Sento-me no lugar vago da sala e todos começam a olhar para mim e para o livro que trago comigo. Vai começar…

- Ei, rainha! O livro é bom? 

Calma! Aquela rapariga acabou de me chamar rainha?

- Sim, é ótimo! – digo, revirando os olhos.

- Quero lê-lo também, rainha! – diz Spencer com um sorriso no rosto.

Mas o que é que se passa com este pessoal? Rainha? Isto nunca aconteceu…

Spencer é o típico jogar de futebol que é perseguido por meninas, a cada passo que dá, e o seu passatempo preferido é humilhar-me à frente da escola toda.

- Claro que queres! – mais uma vez reviro os olhos,

As aulas foram passando e chegou a hora do almoço. Sempre trouxe almoço de casa e hoje não seria diferente. Fui para o pátio e sentei-me numa mesa a comer. Depois de algum tempo, o grupinho dos famosos senta-se na minha mesa. Lá vamos nós outra vez…

O grupo dos famosos é composto por quatro elementos: Spencer e seu melhor amigo, Evan, também jogador de futebol e suas cadelas de estimação, Mackenzie e Rita.

Sempre que eles me incomodam ao almoço, acabo por não comer nada porque ou eles me estragaram o almoço adicionando coisas nojentas ou atiraram o meu almoço para o chão, não sei ao certo o que escolheram desta vez.

- Como está o livro? – Evan pergunta e eu estranho tudo isto que está a acontecer.

Hoje o dia está muito estranho.

- Podemos fazer-te companhia? – Mackenzie pergunta e fico surpreendida.

Ela fez uma pergunta educada e sem nenhum sorriso falso no seu rosto.

Ou algo de muito mau vai acontecer ou finalmente o universo ouviu as minhas preces e deixou-me em paz.

- Claro – eu digo ainda na dúvida, analisando tudo o que já aconteceu de estranho hoje

Depois do almoço tivemos mais duas aulas, onde o tempo passou com os professores e os alunos a perguntarem coisas da minha vida, como se fosse a coisa mais importante do mundo. Eles estavam a tratar-me como, se realmente, fosse uma rainha.

Sem dúvida a coisa mais estranha que já aconteceu hoje. Não sei o que se passa, mas acho que prefiro a minha vida normal de volta.

As aulas acabaram e fui para casa.

Quando cheguei fui recebida por meus pais que me deram 5 presentes, cada um trazia dois livros que eu sempre quis ler e achei ainda mais estranho, porque eles estavam sempre a dizer que ler era uma perda de tempo.

Acabo o dia exausta então tomo um banho e adormeço.

Acordo quando ouço berros vindos da cozinha. 

Não acredito que sonhei que era a protagonista do livro que estou a ler

TEXTO 2
Eram oito da manhã quando acordei com o sol a bater-me na cara. Que sensação maravilhosa. Era quente, confortável e até um pouco, demasiado brilhante. Abri os olhos e o teto parecia estranhamente branco, não tinha pequenas estrelas brilhantes, nem era azul bebé, olhei ao redor, quando de repente me apercebi que aquela não era a minha cama e aquele, definitivamente, não era o meu quarto. Ao meu lado tinha um grande espelho com uma moldura enorme cor-de-rosa, parecia algodão doce! Olhei para o espelho e saltei da cama com um susto, quem é?!  Levantei-me rapidamente olhei pela janela e não conseguia acreditar no que estava a ver. Não, aquilo não era real, não podia ser real! Era Nova York, eu estava em Nova York! Ou melhor, a pessoa que eu vi no espelho estava em Nova York. Aparentemente estava na sua própria casa, um pequeno apartamento, de onde se podia ver toda a cidade. 
De repente algo começa a vibrar e a tocar, olho a toda a volta e lá está ele, um pequeno telemóvel de capa branca na mesinha de cabeceira. Era só um despertador, desliguei-o e liguei imediatamente o telemóvel. Abri a lista de contactos e impressionantemente, só tinha dois números gravados, um tal de “Q” e uma “Lace”. Fui ver o registo de chamadas e nada. Abri as mensagens e tinha uma mensagem, enviada a “Q” às 20:00 de ontem.

“Olá Q, é a Margo.
Como tens estado? 
Como prometido, esta mensagem é a primeira de muitas! (espero)
Bem, já cheguei a Nova York e isto é muito mais do que um sonho, é tudo que eu sempre imaginei e muito mais! É como dizem, é a cidade que nunca dorme!
Atualmente trabalho num café aqui perto do meu pequeno apartamento. Não vou dizer que é maravilhoso, mas tenho liberdade financeira. Aqui posso ser eu, e … Ah! Esqueci-me de te dizer, prefiro ser só Margo Roth, esquece lá a princesinha Margo Roth Spiegelman.
Nem sabes o que aconteceu! Estava eu a chegar ao Central Park quando vi um enorme aparato de polícias, bombeiros e forças especiais. Houve um assassinato! (isto na minha cabeça parecia melhor) Mas eu lembrei-me do homem morto encostado à árvore, que encontrámos quando eramos pequenos! Lembrei-me das nossas aventuras e desventuras juntos, de todas as histórias que escrevi e das saudades que tenho de estarmos juntos. Vem até cá! Para quem fez uma viagem tão grande, tão minuciosamente calculada, tão louca e tão desprevenida, nada é desculpa para não vir aqui e entrar numa pequena aventura, reviver o melhor do passado.”

De repente deixei cair o telemóvel, acho que as minhas pernas perderam toda a força, e eu também caí. Fiquei tonta isto não podia ser real, “Lace” era a “Lacey”, “Q” era o “Quentin” e eu … eu era a Margo Spiegelman, ou melhor, Margo Roth, de “Cidades de Papel” o livro de John Green, que estive obcecadamente a ler até às tantas, na noite passada. 
Agarrei nas poucas forças que me restavam e levantei-me. Arranjei-me e saí do apartamento. Entrei num daqueles táxis amarelos e lá fui eu conhecer a tão sonhada cidade. 
No dia seguinte, fui ao tal café em que a Margo, ou melhor dizendo eu, trabalho. Entrei, e … vou ser sincera, estava à espera de algo bem diferente, se me perguntarem como é que imaginava, eu não sei, mas gostei. Era simples, tinha uns sofás, umas mesinhas redondas e serviam principalmente bagels, aparentemente muito bons.
Estava a chegar a casa, quando o meu telemóvel vibrou, era uma mensagem do Q. Ele vinha cá, e não só ele, mas também vinha a Lace, o Ben e o Radar (amigos dele). Na mensagem o Q ria-se muito da história do assassinato, dizia que estavam todos com muitas saudades e que chegariam amanhã.
No dia seguinte acordei e fui ter com eles. Sentia uma felicidade e um bem-estar indescritível. Estivemos todos juntos, rimos, caminhamos, partilhamos experiências e matamos saudades, parecia que os conhecia realmente há anos. Mas, com o correr do tempo, as coisas começaram a acelerar e parecia que não conseguíamos parar em lado nenhum, e nada batia certo com nada. Quando menos esperava, estávamos num carro, no meio da auto estrada, a andar extremamente rápido. Íamos os cinco lá dentro, uns a dormir, outros a comer, um a conduzir, outros a falar. O Radar estava no banco do ocupante, e não parava de falar sobre o tempo restante, quando de repente Ben grita e quando olhamos está uma vaca no meio da estrada. O Q começa a rodar o volante, desnorteado para não lhe batermos, quando…
… saltei da cama com o susto. Mas espera! Onde está o meu teto branco e o meu espelho que parece algodão doce? Onde está Nova York? De repente, uma coisa começa a vibrar e a tocar, olho a toda a volta e lá está ele, um pequeno telemóvel de capa vermelha na mesinha de cabeceira. Era só um despertador. Desliguei-o, e mesmo ao lado dele estava o livro “Cidades de Papel”, de onde eu, curiosamente, tinha acabado de sair.

TEXTO 3
A livraria é um dos meus lugares favoritos, senti bem quando lá estava, segura e principalmente alegre.
- Bom dia dona Tiana. – Sorri docemente para a senhora à minha frente.
- Bom dia. Chegaram os livros ontem à tarde, acho que vais gostar deles. Estão ali. – Apontou para um dos corredores ao fundo da livraria.
Quando entrei no corredor notei que um livro estava caído no chão, agachei-me para apanhá-lo. 
O livro chamou à minha atenção, a capa era repleta de tons azuis.
 Sentei-me num dos sofás e comecei a ler a história, quando reparei o intervalo já tinha passado e então tinha que voltar às aulas.

- Dona Tiana, posso levá-lo? 

- Sim, mas corre para a sala!

O resto do dia foi agitado, não deu tempo para ler. Quando cheguei a casa estava exausta mas ainda queria ler um bocado. Deitei-me na cama, abri o livro e comecei a ler, mas os meus olhos estavam a ficar pesados e acabei por adormecer. 

Senti que estava com falta de ar, ouvi um barulho e algo a agarrar-me. Ouvi gritos e passado alguns minutos comecei a tossir água. 

- Puxem mais rápido, ela precisa de ajuda! Fica acordada, ei! 

 Não consegui, era tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, então desmaiei.
 Quando acordei estranhei onde eu estava, levantei-me e aproximei-me da pequena janela e reparei que estava em alto-mar. 
 Sai da cabine e comecei a andar até a popa do navio. Ainda estava a pensar como eu tinha vindo parar neste lugar mas foi contra alguém.

- Desculpe, não foi minha intenção! Sabe me dizer onde estamos? 

- No peregrino da alvorada.  Além disso, o meu nome é Edmundo, qual é o teu? -  Nada fazia sentido, era impossível eu estar aqui, era o nome do navio do livro que estava a ler. Tudo à minha volta começou a ficar desfocado. - Está tudo bem? 

- Sim, deve ser um enjoo. 

Vários meses depois eu tinha virado amigo de todos. A Lúcia e o Edmundo Pevensie, dois dos quatro grandes reis e rainhas, perguntaram-me diversas vezes se eu vinha do mundo deles, mas como eu lhes podia explicar que isto era só uma história? 
Numa das ilhas, Eustáquio, primo dos irmãos Pevensie, foi transformado num dragão, pelo que eu entendi, nunca se deve tocar num tesouro de um dragão. 
 O que acabou por dar um enorme jeito, já que ficamos com pouquíssimo vento, ele agarrou a proa e arrastou o navio ao longo do mar.

Numa noite encontramos a estrela azul, Lilliandil, surpreendeu-me quando a estrela virou uma linda jovem, que nos indicou o caminho para a ilha negra.
 Quando chegamos à ilha negra, encontramos o Lorde Rupe, ele avisou-nos para não pensar em nada de errado, mas o Edmundo pensou numa enorme serpente marinha, capaz de destruir o navio. Tivemos que lutar contra o horrendo animal, sozinhos pois o Eustáquio tinha desaparecido, mas acabamos por conseguir vencer as forças e partimos viagem para as ilhas de Aslam.
 Antes de chegarmos a ilha avistamos Aslam, que nos contou que a sua ilha era para lá e quem fosse não podia voltar. O Eustáquio voltou a ser um rapaz. 
A maior dor foi ter que despedir dos Pevensie porque eu não podia vê-los de novo. 

- Se calhar noutro universo, podemos ficar todos juntos.

- É, noutro universo definitivamente ficaremos juntos.

Comecei a ouvir um barulho irritante a ficar cada vez mais forte, acordei a inspirar com força, era o meu despertador que estava a provocar aquele som.
Tudo tinha voltado ao normal, mas poucos segundos tinham se passado e já sentia falta de todos.

Quando cheguei à escola esperei que a biblioteca estivesse aberta para devolver o livro.

- Angelina, já acabaste o livro? - Concordei com a cabeça. - Aposto que gostaste. Deve ter sido uma aventura.

Comentários

Enviar um comentário

Deixe o seu comentário. Será publicado depois de autorizado.