SER ESCRITOR É COOL, DESAFIO 2 - TEXTO SELECIONADO

 


De acordo com a votação do júri, que votou por unanimidade no texto 2, e da votação popular, com a maioria dos votos também no texto 2, é este o vencedor a nível de escola e é da autoria da aluna Inês Alves, 9.ºC.

Nova York… Nova York

Oito da manhã. Acordo com o sol a bater-me na cara, quente, confortável. Abro os olhos. O teto parece estranhamente branco. Olho ao redor e… Aquela não é a minha cama, aquele não é o meu quarto. Ao meu lado, um grande espelho com uma moldura cor-de-rosa parece algodão doce! Salto da cama assustada. Olho pela janela e não consigo acreditar. Não, não pode ser real! Nova York! Eu estou em Nova York! Ou melhor, a pessoa que eu vejo no espelho está em Nova York, no seu pequeno apartamento, de onde se vê toda a cidade. 

De repente, algo começa a vibrar. Olho a toda a volta. Lá está ele, um pequeno telemóvel que desperta! Abro a lista de contactos que só tem dois números gravados: de “Q” e de “Lace”. Vou ver o registo de chamadas e nada. Abro as mensagens e leio a mensagem enviada a “Q”, às 20:00 de ontem.

“Olá Q, é a Margo.

Como prometido, esta mensagem é a primeira de muitas!

Já cheguei a Nova York e isto é muito mais do que um sonho, é tudo o que eu sempre imaginei e muito mais! Como dizem, é a cidade que nunca dorme!

Atualmente trabalho num café aqui perto do meu apartamento. Não vou dizer que é maravilhoso, mas tenho liberdade. Aqui posso ser eu.

Nem sabes o que aconteceu! Chegava eu ao Central Park, quando vi um enorme aparato de polícias, bombeiros e forças especiais. Houve um assassinato! (isto na minha cabeça parecia melhor) Mas eu lembrei-me do homem morto, que encontrámos quando eramos pequenos! Lembrei-me das nossas aventuras e desventuras juntos, de todas as histórias que escrevi e das saudades que tenho de estarmos juntos. Vem até cá! Para quem fez uma viagem tão grande, tão minuciosamente calculada, tão louca e tão desprevenida, nada desculpa não vir aqui e não entrar numa pequena aventura, reviver o melhor do passado.”

Deixo cair o telemóvel, as minhas pernas perdem a força. Isto não pode ser real! “Lace” é a “Lacey”, “Q” é o “Quentin” e eu … eu… a Margo de “Cidades de Papel”, o livro de John Green que li obcecadamente até de madrugada. 

Agarro nas poucas forças que me restam. Levanto-me, arranjo-me, saio do apartamento, entro num daqueles táxis amarelos e vou conhecer a tão sonhada cidade. 

Vou ao café em que a Margo, melhor dizendo, eu trabalho. Entro e… Vou ser sincera, esperava algo diferente. Se me perguntarem como é que imaginava, não sei, mas gosto. Simples, com uns sofás, umas mesinhas redondas onde servem principalmente bagels (tão bons!).

Chego a casa e o meu telemóvel vibra. Mensagem do Q. Ele vem cá com a Lace, o Ben e o Radar. Na mensagem, Q ri-se muito da história do assassinato, diz que estavam todos com muitas saudades e que chegarão amanhã.

Acordo e vou ter com eles. Sinto uma felicidade e um bem-estar indescritíveis. Todos juntos, rimos, caminhamos, partilhamos experiências, matamos saudades. Parece que os conheço realmente há anos. Mas, com o correr do tempo, as coisas começam a acelerar e não conseguimos parar em lado nenhum, nada bate certo. Quando menos espero, estamos os cinco num carro, no meio da autoestrada, a andar extremamente depressa. Um dorme, outro come, um conduz, os outros falam. O Radar, no banco do ocupante, não para de falar, quando, de repente, Ben grita. Há uma vaca no meio da estrada. Q começa a rodar o volante, desnorteado, para não lhe batermos, quando…

… salto da cama com o susto. Mas… Onde está o meu teto branco e o meu espelho que parece algodão doce? Onde está Nova York? De repente, algo começa a vibrar. Olho ao redor e lá está ele, um pequeno telemóvel. Desligo-o e, ao lado, dorme o livro Cidades de Papel de onde eu, curiosamente, tinha acabado de sair.

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