A GREVE CONTINUA - TEXTO COLETIVO

 Depois da leitura do conto Greve, de Catarina Sobral, e de se fazer uma lista brincando com a polissemia da palavra "linha", foi criado este conto, dando resposta ao desafio do final do livro, pelas turmas 3.º e 4.º anos Fontainhas, 3.º e 4.º anos Casaldelo, 3.º A e B e 4.º anos Parrinho, 3.º ano Conde Dias Garcia, em maio de 2025.

A greve continua

O conselho de ministros desesperou. Depois da greve dos pontos, que paralisou vários setores do país, tinha de enfrentar, agora, a greve das linhas.   

- O quê? Outra greve? Era só o que nos faltava? – desesperavam-se todos os ministros.

Os nutricionistas desanimavam, pois todos os clientes se queixavam que, apesar da dieta, não conseguiam manter a linha.  

Nas escolas, os estudantes arrancavam cabelos. Começavam a resolver os problemas de matemática, mas desistiam, assim que perdiam a linha do raciocínio. 

Na casa da avó Aurora, as linhas de tricô e de costura também resolveram fazer greve. Ficou a Maria sem camisola e sem vestido novos, a avó a descansar e a menina a brincar.  

As linhas dos cadernos voaram em busca da liberdade. Os textos, confusos, entortaram, emaranharam-se, mal se percebiam.  Mas que grande trapalhada!

Na estrada, sem as linhas, foi o fim da macacada! Que selva! 

E, em todas as estações, as linhas do comboio desapareceram, libertaram-se, foi então que o caos se instalou. Já ninguém podia viajar!  

Sem linhas de comunicação, o país ficou numa enorme confusão. Mas quem ficou contente foram os pais: 

- Com este apagão, vocês vão dar valor à vida e prestar mais atenção!  

Quem estava na praia, ficou baralhado. Sem a linha do horizonte, o mar começou a invadir o céu como quem se esquece das fronteiras. O mundo perdeu a linha entre o céu e a terra, a manhã nasceu confusa, sem saber onde repousar os seus primeiros raios.  

Na escola, o João foi sempre um aluno muito certinho, pois gostava de andar na linha, cumprindo as regras que a professora estabelecia. Mas, no dia da greve, teve de sair da linha: fugiu da escola e ninguém se apercebeu! 

Entretanto, também as linhas dos campos de jogos aderiram à greve. No futebol, ninguém sabia quando era fora de jogo, a linha de pênalti desapareceu, a grande área ficou perdida. 

Sem aviso ou razão, desapareceram as linhas da mão. Recusaram-se a dar informações sobre destinos ou direções. Com os problemas por resolver, não houve quem as conseguisse ler. Também elas quiseram lutar e na greve entrar.

Uma semana passara, e já o conselho de ministros respirava de alívio. Todas as linhas tinham regressado aos seus postos e o mundo retomara o equilíbrio.

Mas, eis que se lê esta manchete em todos os jornais diários:

“É o cabo dos trabalhos para o Sindicato dos cabos!”


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